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Categoria: Língua hebraica

A diferença entre o Hebraico e o Aramaico

Neste artigo vamos falar sobre mais uma dúvida bastante frequente: Qual a diferença entre o Hebraico e o Aramaico?

Para começarmos de maneira bem simples, é importante ficar claro: São dois idiomas diferentes. O hebraico é um idioma, o aramaico é outro idioma.

O Hebraico é a língua dos Hebreus.

O Aramaico é a língua dos Arameus.

O livro de Gênesis fala de um homem que se chamava Shem (ou Sem), de onde vieram os semitas.

Shem tinha um filho chamado Héber, e um outro filho chamado Aram.

De Héber vieram os Hebreus, e a língua Hebraica.

De Aram vieram os Arameus, e a língua Aramaica.

O povo hebreu é bem conhecido de todos, é o povo de Israel

Já os arameus, os filhos de Aram, eram um povo que vivia na região da Síria. O país chamado de “Aram” no texto bíblico em hebraico,  é traduzido para as línguas ocidentais como “Síria“.

A língua dos arameus, o aramaico, acabou tomando conta de toda a região do oriente médio no mundo antigo.

Hoje em dia a língua predominante no oriente médio é o árabe. Antigamente, era o aramaico.

O aramaico era falado pelos babilônios, pelos sírios, pelos assírios, por todos os povos naquela região, com diferentes dialetos. Inclusive os judeus, depois do exílio babilônico, acabaram deixando de falar o hebraico, e adotando o aramaico, que era a língua universalmente falada na região.

O aramaico é bem parecido com o hebraico. É mais ou menos como se fosse o português e o espanhol

Você que é brasileiro, português, ou de outro país falante da língua portuguesa, mesmo que não fale espanhol, você consegue reconhecer bastante coisa do idioma. São línguas “irmãs”. 

O hebraico e o aramaico são mais ou menos assim, são línguas semelhantes, que possuem a mesma raiz. Talvez não tão semelhantes como o português e o espanhol, mas vale o exemplo. O hebraico e o aramaico também são línguas “irmãs”. 

Hoje em dia, o hebraico é a língua oficial do estado de Israel, e é falado pelos israelenses.

Já o aramaico, hoje em dia, apesar de não ser a língua oficial de algum país específico, ao contrário do que alguns pensam, também não é uma língua morta. O aramaico ainda é falado como língua nativa por vários povoados e comunidades tradicionais na região do oriente médio. Existem, na verdade, vários dialetos diferentes do aramaico, de maneira que nem sempre um grupo de falantes do aramaico entende o dialeto falado por outro grupo.

O aramaico também é usado como língua litúrgica por muitos cristãos no oriente, nas igrejas de tradição siríaca, e também aparece em alguns trechos da liturgia judaica, como a famosa oração do “Kadish”, que é feita em aramaico. O aramaico é também a língua do Talmud, importante literatura judaica.

Mas afinal, em que língua foi escrita a Bíblia? Em hebraico ou aramaico?

A Bíblia Hebraica, conhecida no judaísmo como “Tanach”, e no cristianismo como “Antigo Testamento”, foi escrita praticamente toda em hebraico, conforme já diz o nome.

Mas alguns poucos capítulos são exceção. Apenas alguns capítulos do livro de Daniel e do livro de Esdras foram escritos em aramaico.

Uma observação importante é que o aramaico usado atualmente é geralmente escrito com o alfabeto siríaco, que é um alfabeto com a aparência bem diferente do alfabeto hebraico.     

Texto escrito com o alfabeto Siríaco

Mas o aramaico usado na literatura judaica, inclusive na Bíblia Hebraica, é escrito com as próprias letras hebraicas.  Isto quer dizer que quem sabe ler hebraico é capaz de ler os textos bíblicos dos livros de Daniel e Esdras escritos em aramaico também. E quem entende o hebraico, possivelmente também vai entender muita coisa destes textos em aramaico. 

Sabendo o hebraico, não é difícil aprender o aramaico do livro de Daniel e de Esdras.  Afinal, são poucos capítulos, apenas poucos textos para estudar.

A diferença entre o Hebraico Bíblico e o Hebraico moderno

Uma pergunta que eu recebo com frequência é sobre a diferença entre o hebraico bíblico e o hebraico moderno.

Em primeiro lugar, devemos saber que é o mesmo idioma. Seja o bíblico ou o moderno, o idioma é o hebraico, não são línguas diferentes ou separadas. Mas então qual a diferença?

Para simplificar, vamos falar de dois pontos básicos que diferenciam: a época e a aplicação.

 A época

O hebraico Bíblico era o hebraico usado no mundo antigo, há 3 mil anos atrás. Era o hebraico usado em Israel nos tempos bíblicos.

O hebraico moderno é o hebraico usado em Israel nos dias de hoje.

O mundo muda, a língua muda. Todos os idiomas mudam ao longo do tempo. Será que a língua portuguesa de hoje é igual à de mil anos atrás? Com certeza tem diferenças, apesar de ainda ser o mesmo idioma.

Quais são as mudanças que acontecem numa língua?

A primeira coisa é o surgimento de novas palavras. Qualquer idioma moderno tem muito mais palavras do que tinha no passado. 

Hoje em dia precisamos falar sobre computadores, telefones, aviões, carros, energia elétrica, e mais um milhão de coisas que não existiam no passado.

O hebraico moderno fala de coisas que nos tempos bíblicos não existiam. Precisa expressar ideias mais complexas.

Texto manuscrito da Bíblia Hebraica

A segunda mudança que acontece nos idiomas é a simplificação de algumas estruturas, ou seja, algumas formas mais “complicadas” de falar são substituídas por outras mais simples; ou a forma de escrever que é simplificada (ortografia).

No português houve bastante alteração na escrita, como o exemplo clássico de “pharmacia”, que antes era escrito com “ph”.

Já o hebraico não sofreu alterações significativas na ortografia (houve mudança na forma de escrever as letras, como vimos no artigo sobre o alfabeto, mas não na escrita das palavras).

Mas surgiram algumas formas mais “práticas” de falar certas coisas, para substituir umas falas mais “rebuscadas”. Por exemplo, a declinação das palavras para formar o possessivo é substituída pelo uso de uma preposição, evitando “alterar” as palavras o tempo inteiro dependendo de sua função na frase. Algumas formas de conjugações verbais mais complexas também não são comumente usadas.

Exemplo:

הסוסים

“Hassussim” 

quer dizer “os cavalos“.

No hebraico moderno, se eu quero dizer

os cavalos de David“, eu digo:

הסוסים של דויד 

Hassussim shel David“, 

sendo “shel” o equivalente a “de” em português.

Já no hebraico clássico, para dizer

os cavalos de David” seria assim:

סוסי דויד

Sussei David“.

Ficou mais curto, mas eu precisei alterar a palavra, transformei “Hassussim” em “Sussei“.   

 

O surgimento do Hebraico moderno

O fato diferente que ocorreu com o Hebraico em relação ao português ou outras línguas, é que ele não veio passando por este processo de transformação natural pelos falantes ao longos dos últimos séculos.

O hebraico passou muitos anos sem ser falado como língua viva, tinha se tornado já uma língua “morta”. Era apenas a língua da Bíblia, da literatura e da liturgia.

Lá para o século 19 e 20 é que ele ressuscitou, sendo reconstruído a partir do Hebraico Bíblico, principalmente pelo trabalho do linguista chamado Eliezer ben Yehudá. Então foram criadas as novas palavras do mundo moderno, e o hebraico passou a ser a língua oficial de Israel.

A aplicação

Nós já falamos que a primeira diferença entre o hebraico bíblico e o hebraico moderno é a época. É o mesmo idioma em épocas diferentes, portanto com algumas diferenças.

A segunda coisa que vamos falar é sobre a aplicação. Por que alguém aprende hebraico moderno ou hebraico bíblico? Para que são usados? Qual o tipo de linguagem?

O hebraico moderno é o hebraico usado hoje em dia para qualquer finalidade, seja numa conversa coloquial em qualquer ambiente, seja na televisão, na internet, ou num discurso formal; seja na escrita de um jornal, de um artigo científico, de uma revista de fofoca, de um livro sobre qualquer tema, incluindo obras literárias modernas.

Quem estuda o hebraico moderno tem como objetivo se comunicar no idioma de todas as formas, ou seja, conversar, falar, escutar, escrever e ler textos modernos.

Já o Hebraico Bíblico, na verdade, não é simplesmente o hebraico que era falado há 3 mil anos atrás, mas é uma linguagem literária.

O Hebraico Bíblico é a linguagem de 3 mil anos atrás que era usado na literatura sagrada.

Não era a linguagem coloquial, usada no cotidiano das pessoas. Era a linguagem erudita da época. O texto Bíblico, apesar de simples, é um texto de caráter literário, que possui arte e erudição, seja em poesia ou prosa. 

Não, as pessoas não falavam difícil naquela época. Elas tinham sua linguagem coloquial, seus regionalismos, gírias, e diferentes formas de falar em diferentes grupos sociais e diferentes ambientes.

Mas para escrever textos sagrados, usava-se uma linguagem literária.

Portanto, estudar o Hebraico Bíblico, não é estudar simplesmente o Hebraico antigo, mas é estudar o Hebraico usado em uma literatura específica, que é o texto Bíblico. 

Estudar o Hebraico Bíblico é estudar uma linguagem totalmente aplicada e específica do idioma. O objetivo de estudar o Hebraico Bíblico é ler a Bíblia em Hebraico.

 Resumindo…

Para termos práticos: Se o seu objetivo é conversar em Hebraico, morar em Israel, ler textos atuais, você precisa estudar o Hebraico moderno. Você precisa aprender o vocabulário moderno, a linguagem do dia-a-dia, e focar principalmente na conversação.

Mas se o seu objetivo é ler a Bíblia no original em hebraico, você precisa aprender uma linguagem mais específica, que é a linguagem literária da Bíblia, e o seu foco não será a conversação, mas a leitura de textos.

Mas a boa notícia é que para começar os estudos o caminho é um só, tanto para o Hebraico Bíblico como para o Moderno: você primeiro precisa aprender a ler, e a escrita é mesma.

Aprendendo a ler em Hebraico, você vai poder estudar tanto o Bíblico como o moderno, ou os dois, com a diferença que no Hebraico moderno logo você vai ter que ler sem vogais, enquanto no Bíblico não necessariamente vai precisar se preocupar com isto. Mas acredite, ler sem vogais é mais fácil do que você imagina, a medida que você conhece o idioma, naturalmente você aprende.

Letras hebraicas

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As Vogais Hebraicas

As vogais hebraicas são representadas por sinais que não fazem parte do alfabeto. Na verdade, originalmente as vogais não são escritas no hebraico (elas são pronunciadas, mas não escritas). 

Porém em algum momento foi criada uma solução para  esta barreira, que poderia ter colocado em risco a preservação da língua hebraica e do texto bíblico original. Neste artigo você vai entender como funcionam os sinais das vogais em hebraico, quais são e como surgiram.

Como é ler um texto sem vogais

No artigo anterior nós falamos sobre o alfabeto hebraico. Nós vimos que as letras hebraicas foram criadas para representar sons, mas apenas as consoantes (exceto uma vogal ou outra em alguns casos).

Fazendo uma analogia com o português, vimos um exemplo com os versículos de Gênesis 1:1 e 2. Caso em português nós escrevêssemos sem vogais, como no hebraico, ficaria mais ou menos assim:

“N PRNCPO CRO DUS OS CS E A TRRA. A TRRA PRM ESTV SM FRMA E VZIA. HVI TRVS SBR A FC D ABSM E O SPRT D DUS PIRV SBR A FC DS AGAS”.

Ficaria um pouco difícil para ler, principalmente para alguém que não soubesse falar português. É o que acontece no hebraico. As palavras são escritas sem vogais, e só quem sabe falar a língua com fluência é que consegue ler corretamente.

Para quem está começando a aprender a ler o hebraico ficaria muito difícil – na verdade impossível, pronunciar corretamente as palavras.

Acontece que chegou uma época em que o hebraico já não era uma língua falada por ninguém. Os judeus viviam em diversos países ao redor do mundo, e quase ninguém mais falava o idioma fluentemente.

O hebraico se tornou uma língua “litúrgica”, só era usado nas orações, cânticos e leituras na sinagoga. Já estava ficando difícil para a maioria das pessoas conseguir ler a Torá em hebraico, porque ninguém sabia pronunciar direito, somente as pessoas mais eruditas.

Hebraico sem vogais

Os Massoretas

Finalmente um grupo de escribas, chamados de massoretas, que conheciam muito bem a língua hebraica e o texto bíblico, tomaram uma providência para preservar a pronúncia do hebraico e o correto entendimento das escrituras bíblicas. Isto ocorreu mais ou menos a partir do século VI.

Eles resolveram criar sinais para representar as vogais hebraicas. Eles não criaram novas letras, para não alterar a escrita original das palavras, apenas acrescentaram estes sinais, que eram pontos e traços ao redor das palavras. Estes sinais são chamados de “Nekudot” (pontos), ou sinais massoréticos.

Para cada vogal foi criado um sinal, e em cada letra foi colocado um deles. Assim ficou preservada a pronúncia dos textos sagrados em hebraico, e consequentemente do idioma, e as pessoas que não sabiam falar fluentemente passaram a conseguir a ler os textos com facilidade.

Imagine agora aquele nosso texto em português usado como analogia, com vogais acrescentadas. Poderia ficar assim:

“No PRiNCiPiO CRiOu DeUS OS CeuS E A TeRRA. A TeRRA PoReM ESTaVa SeM FoRMA E VaZIA. HaVIa TReVaS SoBRe A FaCe Do ABiSMo E O eSPiRiTo De DeUS PaIRaVa SoBRe A FaCe DaS AGuAS”.

Agora fica fácil de ler. Qualquer pessoa que não fala português poderia aprender a ler um texto como este. Todas as vogais estão escritas – de uma maneira diferente, mas estão.

Enfim a escrita das vogais hebraicas – os “Nekudot”

Os sinais das vogais hebraicas criados pelos massoretas ficaram assim:

Sinais massoréticos

Observe que cada vogal tem duas formas diferentes de representar: Uma é chamada de vogal longa, e a outra vogal breve.

Foram criadas regras gramaticais bem rigorosas para fazer esta notação. Mas em termos práticos, hoje em dia não existe nenhuma diferença na pronúncia entre estas vogais breves e longas.

Os dois A’s têm a mesma pronúncia, os dois E’s têm a mesma pronúncia, os dois I’s têm a mesma pronúncia, os dois O’s têm a mesma pronúncia e os dois U’s têm a mesma pronúncia.

Em outras palavras, para aprender a ler, você não precisa se preocupar com vogais longas e breves, apenas aprender os dois símbolos diferentes que podem ser usados para cada vogal.

Estes sinais têm nomes, mas absolutamente também não é necessário saber estes nomes para você aprender a ler em hebraico. 

Apenas como curiosidade, ou caso você queira saber, estes são os nomes dos Nekudot – os sinais das vogais hebraicas:

Sinais massoréticos

Temos ainda mais um sinal, que é chamado de “Shvá”, que são dois pontos, um embaixo do outro, embaixo da letra. Este sinal representa que a consoante não possui nenhuma vogal, ou às vezes, dependendo da situação, pode ter som de E também.

ְ

Três dos sinais das vogais também podem aparecer com um acréscimo dos dois pontos do lado (o “shvá”), formando o que é chamado de “semivogal” – o que, novamente, não interfere em nada na pronúncia – é apenas um detalhe gramatical.

ֲ   a

ֱ   e

ֳ   o

 

Resumindo, temos mais uma forma de representar o A, o E e o O, mas também não são pronunciados diferente.

 

Como funcionam os sinais das vogais hebraicas

Os sinais são colocados embaixo das letras. Basta juntar o som da letra (que é uma consoante) com o som da vogal e formar as sílabas.

Por exemplo, a letra “Nun”, que tem som de N,

נ

adicionada a vogal A, que é um traço embaixo da letra, fica assim:

נַ

Esta sílaba nós pronunciamos NA.

Se colocarmos a vogal E, que são dois pontos embaixo da letra, fica assim:

נֵ

Esta sílaba pronunciamos NE.

E assim por diante… podemos colocar qualquer vogal para cada letra.

Duas letras do alfabeto podem fazer papel de vogal: A letra Vav ו, e a letra Yod י.

O vav com o ponto em cima tem som de O, e o vav com o ponto embaixo tem som de U. E a letra Yod tem som de I.

נוֹ  NO

נוּ  NU

נִי  NI

 

Estes sinais se mantiveram até hoje, e é a maneira que permite a qualquer pessoa aprender a ler em hebraico. 

Porém, estes sinais são utilizados apenas em Bíblias, e livros litúrgicos judaicos.

Acontece que o hebraico foi restaurado como língua viva pelos judeus, e hoje em dia é a língua oficial de Israel. Como as pessoas usam o idioma, e o conhecem de forma fluente, as vogais já não são necessárias.

Por isto, no hebraico moderno, não se escrevem os sinais das vogais. A língua é escrita da forma tradicional, apenas as consoantes. 

Apenas em livros didáticos e livros para crianças são colocadas as vogais, servindo para ajudar quem está sendo alfabetizado, além dos livros religiosos e Bíblias, que são usados também por pessoas que não falam o hebraico fluentemente.
texto bíblico com sinais massoréticos

Nos rolos da Toráְ, que são pergaminhos ainda tradicionalmente manuscritos e usados nas sinagogas, as vogais também não aparecem. O texto aparece da forma tradicional.

Texto da Torá sem vogais

Porém nas Bíblia hebraicas impressas,  as vogais estarão sempre lá para ajudar.

Se você quer aprender a ler em hebraico, você pode começar agora mesmo assistindo à primeira aula da série de 11 aulas que eu preparei, onde eu ensino passo-a-passo, de maneira bastante prática e simples, a ler cada sílaba.

Assista aqui à primeira aula, e comece a aprender a ler e a escrever em hebraico.

As Vogais Hebraicas

As vogais hebraicas são representadas por sinais que não fazem parte do alfabeto. Na verdade, originalmente as vogais não são escritas no hebraico (elas são pronunciadas, mas

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A língua hebraica é escrita com um alfabeto bastante diferente do que nós usamos no português. O “alef-beit”, como é conhecido o alfabeto hebraico, é

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Letras hebraicas

A língua hebraica é escrita com um alfabeto bastante diferente do que nós usamos no português. O “alef-beit”, como é conhecido o alfabeto hebraico, é composto pelas 22 letras que são usadas para escrever o hebraico.

A língua portuguesa, assim como outras línguas ocidentais, como inglês, espanhol, francês, italiano, etc, é escrita com o alfabeto latino, que era o alfabeto que os romanos usavam para escrever a língua deles, que era o latim. O alfabeto latino acabou sendo adotado por todas estas línguas modernas, inclusive o português.

Mas antes do alfabeto latino existir, já existiam várias outras formas de escrever, usadas em várias línguas no mundo todo.

Para entender melhor a origem do alfabeto hebraico, vamos entender um pouco sobre a origem da escrita, e a história dos alfabetos.

Um pouco da história da escrita

Quando a escrita foi inventada, inicialmente os povos criaram símbolos para representar ideias ou palavras.

Por exemplo, a antiga escrita egípcia, ou mesmo a escrita chinesa ou japonesa, que são usadas até hoje, foram inventadas para funcionar da seguinte maneira:

Cada símbolo representa uma palavra, ou uma ideia. Isto quer dizer que para cada palavra você deveria aprender um símbolo diferente.

Para escrever “árvore”, por exemplo, você aprenderia um símbolo que representaria uma árvore. Para escrever cachorro, teria um símbolo para o cachorro. Amor, felicidade, justiça, céu, terra, homem, mulher… cada palavra tem um símbolo.

hieróglifos

Estes são tipos de escrita extremamente complexas, que exigem aprender milhares de símbolos diferentes.

Com o passar do tempo, alguns povos resolveram inventar uma escrita mais simples: a escrita fonética.

Isto quer dizer que cada símbolo representaria um som, ao invés de uma palavra. Assim, com alguns poucos símbolos seria possível escrever todas as palavras. Cada letra é um som, bastaria juntar os sons e formar as palavras.

A ideia foi a seguinte: um “desenho” que antes representava uma palavra, passaria a representar o som com que a palavra começava. Selecionaram alguns símbolos, o símbolo de uma palavra para cada som que existe na língua.

Vamos imaginar um exemplo: Imagine que você fosse inventar o alfabeto hoje, baseado na língua portuguesa. Imagine que na língua portuguesa nós usamos “pictogramas”, ou seja fazemos desenhos para representar cada palavra. Então você decide inventar um alfabeto fonético para simplificar a escrita.

Você quer inventar uma letra para o som de “M”. Você escolhe uma palavra qualquer que começa com este som.

Por exemplo, você poderia escolher a palavra “macaco”.  Então você pegaria o desenho do macaco, e criaria a letra “macaco”, que seria usada para representar o som “m”. Assim em todas as palavras que aparecesse este som, apareceria o desenho do macaco. A partir de agora o desenho do macaco não representaria mais o macaco, mas apenas o som de “M”.

Você escolheria uma palavra para cada som. Como existem poucos sons na fala, apenas uns vinte e poucos, a partir de agora, ao invés de usar milhares de símbolos, você só usaria vinte e poucos, o que seria suficiente para escrever qualquer coisa.

Consegue ler esta “palavra”?

É como se fosse um jogo de criança, mas foi mais ou menos esta a ideia usada para se criar a escrita fonética. 

Os primeiros alfabetos fonéticos foram inventados pelos povos semitas. Eles teriam adaptado os complicados “desenhos” egípcios, transformando-os numa escrita fonética simples. Esta escrita fonética semita é chamada de escrita “protossinaítica”, porque foi descoberto na região do Sinai.

Alfabeto proto-cananeu
Escrita Protossinaítica

Deste alfabeto semita original, que parecia mais com desenhos egípcios, saíram vários alfabetos.

Aconteceu que, com o passar do tempo, estas letras foram sendo modificadas.

Vamos voltar ao nosso exemplo do alfabeto que você inventou para o português, e imaginar novamente o “macaco” que você desenhou.

Com o passar das gerações, as pessoas achavam o seu “macaco” um tanto pitoresco, complicado, talvez até muito infantil ou ingênuo. Ninguém queria mais desenhar um macaco um monte de vezes no meio do texto, ou ler aqueles textos cheios de desenhos de bichos. Então as pessoas começaram a modificar o desenho do macaco que você tinha inventado, até virar um símbolo totalmente diferente, que representaria o som “m”, mas que não teria mais nada a ver com o desenho do macaco.

(O macaco é só um exemplo, não tem nada a ver com a origem da letra “m” em nenhum idioma).

Dos “desenhos”  protossinaíticos ao presente

Daquele alfabeto “protossinaítico”, ainda com desenhos parecidos com a escrita egípcia, surgiram vários alfabetos, como o famoso alfabeto fenício, o alfabeto aramaico e o alfabeto hebraico.

O alfabeto hebraico antigamente ainda era escrito diferente do que nós conhecemos hoje. Esta forma mais antiga do alfabeto hebraico é  chamada de alfabeto “Páleo-Hebraico“, que é mais parecido com o alfabeto fenício.

Depois da época do exílio babilônico, os judeus passaram a escrever as letras mais parecidas com o alfabeto aramaico, que se assemelha mais ao  atual.

Os manuscritos do mar morto, que são os manuscritos mais antigos da Bíblia hebraica que se conhece, do século II A.C., são escritos com letras bem mais parecidas com as que nós usamos hoje.

Todos estes alfabetos são, na verdade, as mesmas letras, com os mesmos nomes e mesmos sons, mas “desenhados” de forma diferente. 

Alfabeto páleo-hebraico, aramaico e quadrático

A forma como o hebraico é escrita atualmente, é chamada de “Alfabeto quadrático”. 

Enfim, este é o alfabeto hebraico como nós conhecemos hoje:

 
Um “pequeno” detalhe
 

Mas… voltando a falar do alfabeto fonético inventado pelos semitas, este tinha algumas limitações: só representava as consoantes (com exceção de uma vogal ou outra em alguns casos). As vogais você teria que deduzir pela palavra.  Assim é o alfabeto hebraico também.

Imagine que a língua portuguesa fosse escrita assim:

“N PRNCPO CRO DUS OS CS E A TRA. A TRA PRM ESTV SM FRMA E VZIA. HVI TRVS SBR A FC D ABSM E O SPRT D DUS PIRV SBR A FC DS AGAS”.

A ideia é mais ou menos esta.

Consegue ler o texto acima?

Provavelmente sim, porque você conhece bem a língua portuguesa, e possivelmente também conhece este texto. Você consegue “adivinhar” as vogais, porque você conhece as palavras.

Mas alguém que não sabe português nunca conseguiria ter ideia de como pronunciar estas palavras.

Foi deste jeito que criaram o alfabeto hebraico, e os outros alfabetos semitas.

Afinal de contas, a ideia deles era que alguém que vai ler uma língua, necessariamente sabe falar aquela língua.

Só depois é que outros povos inventaram outros alfabetos com vogais, como o alfabeto grego e o alfabeto latino, que você conhece bem.

Mas quanto ao hebraico, você teria que saber a língua para poder ler.

A Solução

Acontece que chegou um tempo em que o hebraico já não era mais falado no cotidiano. A maioria dos judeus já não sabiam falar o hebraico, mas o usavam  na liturgia, nas orações, e na leitura da Torá.

Aí surge o problema: Como alguém que não sabe falar o hebraico fluentemente poderia ler palavras cujas vogais deveriam ser “adivinhadas”?

Como você, hoje, que não sabe falar hebraico, e pretende aprender, poderia aprender a ler?

Por isto,  chegou um tempo em que os judeus criaram uns sinais especiais, além das letras, para representar as vogais. Alguém teve a ideia de acrescentar as vogais nos textos em hebraico, para que a pronúncia não fosse perdida, e qualquer pessoa pudesse ler.

No próximo artigo, falaremos exatamente sobre isto, sobre as vogais hebraicas.

Mais um detalhe importante também, o hebraico se escreve da direita para a esquerda, exatamente o contrário da língua portuguesa e das outras línguas ocidentais.

As Vogais Hebraicas

As vogais hebraicas são representadas por sinais que não fazem parte do alfabeto. Na verdade, originalmente as vogais não são escritas no hebraico (elas são pronunciadas, mas

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O Alfabeto Hebraico

A língua hebraica é escrita com um alfabeto bastante diferente do que nós usamos no português. O “alef-beit”, como é conhecido o alfabeto hebraico, é

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